Olá a todos, vou começar esse espaço com um assunto que volta à tona mais uma vez nesse ano de 2017, um dos festivais de música mais baladados do mundo, talvez o maior de todos: o Rock in Rio.
Inevitavelmente me vêm à mente eu com 10 anos de idade em 1985, viajando de férias com meus pais e meu irmão, lá em Caldas Novas/GO, pulando na cama do hotel vendo e ouvindo o Queen sacudindo a Cidade do Rock numa matéria de jornal. Cinco anos mais tarde (o que pareceu ser numa outra era para um adolescente da minha idade) estou eu, agora com 15 anos, adentrando o Maracanã para participar efetivamente pela primeira vez de uma edição do festival, em 1991. Guns and Roses dominava e me lembro de me decepcionar um pouco com a voz do Axl naquela noite e me surpreender positivamente com o então desconhecido Faith no More. Fui a outras noites e vi shows antológicos: Santana, Titãs, Prince, Joe Cocker, Billy Idol, A-Ha, FNM… foram noites inesquecíveis, quase peguei a pandeirola que o Prince jogou para a multidão, se não tivesse levado um empurrão de um brutamontes…
Depois, em 2001, estive presente novamente, e sentia a vontade cada vez mais forte de tocar naquele palco mágico. Quem estreiou no Palco Sunset nesse ano foi nosso baterista Fábio Brasil, acompanhando o Sylvinho Blau-Blau, num show incendiário com presença do lendário Serguei e tudo o mais. Vi shows incríveis também e confesso que a Tenda Brasil estava com um sonzaço, vi o show espetacular do Torcuato Mariano, Tianastácia quebrando tudo, Oasis num show meio morno, Foo Fighters um pouco mais quente, REM com um palco alucinante arrebentando, mas curti mesmo os artistas nacionais. A Cássia foi um furacão, voz, presença, banda, tudo, mesmo de dia. Barão sendo o Barão, incendiando o público com seus hits feitos para multidões. Vi James Taylor sorrindo, contando a história de como sua vida foi salva após aquele show de 1985, ao ver todos cantando em uníssono suas lindas canções.
Um parte especial foi o show do Neil Young, talvez o momento mais marcante de todos os shows que presenciei. Naquele palco gigantesco, os 4 músicos próximos uns aos outros, se olhando e fazendo jams intermináveis, livres e imersos. Enquantos muitos iam embora, eu me aproximava cada vez mais do palco, extasiado. Música para mim sempre teve esse componente de liberdade, de viajar para algum lugar maravilhoso, e esse show foi o passaporte com visto sem data de validade para esse tal lugar, inesquecível.
Em 2001 a minha banda, Detonautas Roque Clube, já existia há 4 anos, estávamos com o gás total para fazer as coisas acontecerem e o festival sempre esteve em nossos sonhos mais delirantes, mesmo antes de nos conhecermos. Em 2002 lançamos nosso primeiro cd nacionalmente, emplacando diversos sucessos que fizeram com que pudéssemos viver fazendo justamente o que nossos ídolos faziam. Fazer música, tocar, viajar, conhecer lugares e pessoas, viver a mil…
Eis que em 2011, em mais uma volta do festival, chegara a nossa vez. Estávamos no Palco Mundo, justamente no mesmo dia da banda que mexeu profundamente com aqueles 6 jovens em 1991. Dividimos o palco com Guns and Roses, System of a Down, Evanescence e Pitty. Foi um delírio e nossas caras durante o show dizem tudo o que as palavras tentam. Em 2013 tocamos novamente, dessa vez num show em homenagem à obra do nosso grande Raul Seixas, que deveria ter tocado no Rock in Rio, tamanha sua importância para a música e para o rock nacional. De alguma forma ele estava lá através de nós e me lembro de usar óculos escuros para tentar esconder as lágrimas ao tocar Gita, ainda na passagem de som. Preferi fazer o show de óculos também, por precaução (risos). Foi outro momento mágico e agradeço muito aos deuses da música, a todos do festival e a todos que nos ajudaram a chegar até lá. Ainda espero voltar a pisar naquele palco sagrado e com certeza tentarei estar presente para ver o The Who nesse ano de 2017, se nossa agenda de shows permitir.
Um abraço a todos, viva a música, a amizade a as coisas boas dessa vida!
Por Renato Rocha
Renato Rocha é guitarrista do Detonautas Roque Clube, tecladista, produtor musical e eterno sonhador.